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Eu sofri tanto com isto. Eu juro que sofri.
Este ano acabei por acompanhar quase todas as nossas provas nos Jogos Olímpicos e se há coisa que tenho para partilhar convosco é o facto de termos realmente uma nação incrível.
Se custa ter tantos quartos e quintos lugares?
Custa, claro que custa.
Estes Jogos Olímpicos custaram muito mais do que estava à espera. Mas o que interessa é que sabemos o que os nossos atletas valem. As provas podem não ter corrido tão bem quanto queríamos, mas isso não invalida o facto de termos ficado em quarto, quinto, sexto, de entre muitos, muitos, muitos atletas. E podem ter a certeza que, em muitos casos, éramos candidatos tão fortes às medalhas quanto aqueles que as ganharam.
Quando o Diogo Abreu fez aquele segundo salto, após uma primeira série quase perfeita, e pôs metade do pé no praticável, deitei uma lágrima. Quando vi a nossa campeã europeia Patrícia Mamona a ser ultrapassada pelas sul-americanas logo no primeiro salto, apeteceu-me desligar a televisão. Sofri quando a Ana Rente, com uma pontuação brilhante na segunda série (idêntica à que veio, mais tarde, a estar em segundo lugar), não conseguiu passar à final. Quando a Vânia Neves, depois dos primeiros 5 km, deixou de estar no grupo da frente. Quando o nosso ex-campeão olímpico Nelson Évora se deparou com criaturas que saltavam para além do seu recorde pessoal (que ele já não repetia à anos). Quando a equipa de futebol levou uma abada da Alemanha. Quando a Luciana Diniz, considerada por todos uma candidata às medalhas, falhou o objetivo. Quando a campeã europeia Sara Monteiro e a Jéssica Augusto deixaram a maratona por completar. E, especialmente, quando os nossos homens da canuagem, depois de largos momentos em primeiro lugar, foram ultrapassados logo antes da linha final. Com folhas ou sem folhas, vi a minha maior esperança ser esmagada.
Mas, por outro lado, tivemos a melhor melhor pontuação portuguesa na ginástica. Tivémos uma medalha de bronze com a grande Telma. A Dulce Félix completou a maratona sozinha, com uma das suas melhores prestações de sempre. O João Pereira, do Triatlon, acabou como quinto melhor no mundo naquela que foi a sua primeira competição olímpica. Apesar de não estarmos no pódio do triplo salto feminino, tivémos duas portuguesas na final e vimos o recorde nacional a ser batido. É tudo aquilo pelo qual poderíamos pedir. Isto só prova o empenho, o esforço e a dedicação com que os nossos atletas confrontaram os adversários, na tentativa de trazer uma medalha para o nosso glorioso Portugal. Atletas estes que, graças aos poucos fundos que Portugal tem direccionados para os outros desportos que não o futebol, são obrigados a trabalhar noutras áreas, embora compitam com desportistas a tempo inteiro vindos dos outros países.
Um quarto lugar pode ser um "quase", mas não deixa de significar que aquele atleta acabou, numa determinada prova, como quarto melhor do mundo.
Ontem, antes dos nossos canoístas Fernando Pimenta, Emanuel Silva, João Ribeiro e David Fernandes lutarem na final de K4, foi passada na televisão uma gravação de quando esta mesma equipa ficou em primeiro lugar no Europeu. É um momento tão marcante ver a bandeira a ser elevada ao som do nosso lindo hino. Só quero que se repita novamente. Se não foi nestes Jogos, que seja nos próximos.
Em Tókio, é tudo nosso.
Ouviste Pimenta?